sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Diários de Pibidiana: brinquedos de meninos e de meninas?



Por Natália da Silva Oliveira

A brinquedoteca do Pibid Avani está localizada em uma sala que fica no anfiteatro “Casa Brasil”, nas dependências da escola. É composta por brinquedos, como uma cozinha em miniatura com fogão, uma geladeira, um armário, uma mesa com cadeiras; bonecas, ursos de pelúcia, um espaço de beleza, jogos para crianças de várias faixas etárias. 


Espaço de Brincar. Arquivos do Pibid, 2015.

Há também uma casinha de madeira, com mobiliário.

Casinha com mobiliário.  Arquivos do Pibid, 2015.

 No dia da apresentação do ambiente para as crianças, estávamos um pouco apreensivas, pois não sabíamos a reação dos meninos, em particular, ao verem aquele ambiente sem carrinhos, sem os brinquedos que são “rotulados” muitas vezes como de serem “de meninos”. Contudo, foi impressionante a reação da turma ao ver aquele lugar, todas as crianças ficaram muito surpresas. Podíamos ver a alegria de todas. Ao chegarem, elas ficaram por um bom tempo apreciando, observando, conhecendo os brinquedos, planejando quem elas iriam ser e do que iriam brincar. Expressavam sua satisfação a todo o momento: “Nossa que legal!” “Essa vai ser nossa casa!” “Eu vou ser o pai!”.

No decorrer das brincadeiras, as meninas e que os meninos brincavam separados (meninas para um lado e meninos para o outro). As meninas estavam concentradas na cozinha, no espaço de beleza, exploravam as bonecas e os ursos. Já os meninos estavam brincando na casinha de madeira e com as pecinhas de montar (legos). Essa divisão trouxe pequenos conflitos, como, quando uma menina pegou um telefone azul e marrom e um dos meninos afirmou: “Isso é marrom e azul! Você não pode brincar!”.




Outro conflito percebido no momento foi que uma das meninas quis se juntar aos meninos que estavam decorando a casinha de madeira e eles não abriram espaço para que ela conseguisse brincar, como revela a imagem abaixo:





Apesar disso, no decorrer da brincadeira, aconteceu algo que nós não esperávamos. Um dos meninos chegou à cozinha, onde algumas meninas brincavam, e perguntou se ela poderia pegar um pouco de água na geladeira para ele. Uma das meninas respondeu que “sim”, estranhado o pedido e a presença do garoto naquele “ambiente de meninas”. Então, ele imediatamente propôs a ela se poderiam brincar juntos e a menina respondeu “Você pode, mas vai ter que ir trabalhar!”.




  Na casinha, brincando, as crianças divertiram-se muito. Pareciam que estavam em outro mundo, um mundo lúdico, do “faz de conta”. E, enquanto analisávamos a experiência, o tempo foi passando e, quando percebemos, já havia chegado a hora do lanche. Então, pedimos para que as crianças ajudassem a guardar os brinquedos para deixar como estava antes o espaço.Elas não gostaram muito da ideia pelo fato de terem que parar de brincar e perguntaram se iriam voltar.

  Este dia foi um dia de muitas surpresas. Logo no início, as crianças surpreenderam as pibidianas. Um exemplo disso foi que os brinquedos que organizamos eram para brincar de casinha e ficamos apreensivas se os meninos iriam gostar. Mas quando chegaram à sala nos revelaram uma reação a qual não esperávamos. Percebemos que elas estavam vivendo aquele mundo do “faz de conta” e que, por isso, não perceberam nossa presença. Pudemos também constatar as diferenças de gênero, pois,

[...] a partir dos três anos de idade, as crianças já possuem uma capacidade definida de atribuir rótulos de gênero, tanto a si, como aos outros, demonstrando preferência por brincar com grupos do mesmo sexo, o que se mantém até boa parte do ensino fundamental, apesar de a maioria das crianças também participar de grupos mistos. (WANDERLIND, apud BERALDO, 1993, p. 264).

 Percebemos, também, que as brincadeiras das crianças foram algumas imitações da realidade na qual elas vivem, talvez, relacionadas ao que elas conhecem de mundo. A este respeito, Porto (2008, p.25) cita como base os ensaios do filosofo alemão Walter Benjamin (2002) para o qual “[...] as crianças, quando brincam, se defrontam o tempo todo com os vestígios que as gerações mais velhas deixaram”.

Podemos concluir, com a atividade desenvolvida, que os brinquedos e as brincadeiras nas instituições escolares são importantes e devem fazer parte de uma proposta pedagógica e da rotina das crianças da Educação Infantil. Todavia, o brinquedo e a brincadeira são de um valor significativo na aprendizagem e, como afirma Porto (2008, p.29) “[...] não se trata de tornar pedagógica toda e qualquer brincadeira, mas sim de compreender sua especificidade e importância”.









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