quarta-feira, 9 de março de 2016

O Pibid e a seleção da escola parceira: algumas reflexões


Estou entre os professores da UEMS que coordenam o Pibid. Gostaria de compartilhar algumas questões no sentido de iniciar uma discussão de que é preciso garantir, às IES, autonomia para a selecionar as escolas parceiras do Pibid, a partir da minha experiência no Programa, a qual revela que estabelecer critérios isolados, calcados no IDEB, prejudicarão o trabalho que está sendo construído.

- Primeiramente, se o objetivo atual do Pibid, mais ressaltado, é o de colaborar com a aprendizagem das crianças, é importante destacar que uma instituição que apresenta o IDEB “satisfatório” não está isenta de problemas, pois existem (muitas) escolas com alunos não alfabetizadas, aprovados automaticamente para o terceiro ano.

Embora com IDEB “satisfatório”, as escolas enfrentam dilemas para efetivar a real inclusão e para favorecer que as crianças se constituam como leitoras. Isso significa que, caso o Pibid esteja inserido nesses espaços, a situação poderá ser revertida, melhorando o rendimento das crianças, e, ao mesmo tempo, gerará aos futuros professores oportunidades para vivenciarem boas práticas, o objetivo central da criação do Programa;

- Se o Pibid é um campo mediador por excelência, a escola deve ser capaz, apesar dos incontáveis problemas, de “ensinar os pibidianos a como ensinar”, para que se tornem profissionais qualificados. Isso demanda algumas condições, entre elas:

a) a receptividade de todos os profissionais da escola: ser receptivo a implica aceitar receber alunos bolsistas sistematicamente, no mínimo duas vezes por semana, em convívio e parceria com os inúmeros profissionais que atuam na instituição (vamos lembrar que o Primeiro Ano do EF conta com até 05 profissionais atuando ao mesmo tempo!!!).

Também significa aceitar as propostas pedagógicas almejadas pelo Pibid,  orientadas pelos cursos de licenciatura ( como alfabetizar superando modelos tradicionais; garantir o uso de diferentes espaços e linguagens; alterar a posição do mobiliário para favorecer o trabalho em grupos; transformar a biblioteca em um campo vivo de experiências e entender que “sujeira” é fundamental - tintas, argila, recortes, entre outros);

b) estar disposta a desenvolver um trabalho longitudinal: esse argumento está relacionado ao anterior, mas amplia-se a partir da reflexão de que a alfabetização do sujeito não se limita ao prazo de um ano e que tampouco não se habilita um professor alfabetizador nesse período. Além disso, o gosto pela leitura e a apropriação dos rudimentos da escrita ou os da matemática (e outros ) são processos graduais, que demandam tempo à criança.

Por esses motivos, não podemos “trocar” de escola a cada ano idealizando a rotatividade como positiva, pois o trabalho é (re) construído aos poucos.

 A escola tem problemas, não é um espaço linear. É preciso garantir às professoras, às crianças e às bolsistas tempo para se conhecerem, para construírem bases de confiança e para traçarem objetivos e metodologias comuns que possam ser avaliados em longo prazo.

O Pibid precisa ser querido pela escola e a escola precisa conquistar os bolsistas para que eles se sintam parte dela;

c) a escola parceira precisa contar com supervisores mediadores experientes, dispostos a dialogar com as concepções das licenciaturas nas quais estão vinculadas. Devem manter boas relações com os profissionais da instituição, incentivando-os a receber pibidianos, mesmo sem apoio de bolsas, para que os futuros professores vivenciem experiências com diferentes turmas, durante os quatro anos no Programa.

Enfim, seriam muitos os argumentos, mas encerro, e proponho uma discussão, alegando que a escola parceira do Pibid precisa acreditar no programa, precisa entender suas limitações e demonstrar receptividade para tentar superá-las em conjunto. A escola parceira do Pibid precisa acreditar na educação. Por tudo isso, e outros tantos motivos, retomo o argumento inicial: é importante garantir a autonomia para que as IES selecionem as escolas parceiras.

Profa. Giana Amaral Yamin (Pedagogia UEMS- Dourados-MS)


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