"Eu
já fiz balé, agora ginástica artística, mas ainda não encontrei o que eu gosto,
mas acho que é de brincar"!
Adriana Pizatto
Jaqueline Queiroz
Mariana Brasil
Nos
dias 12 e 18 de julho de 2017, tivemos o privilégio de atuar nos encontros brincantes
de férias, realizados pelo Grupo Abayomi Dourados, uma iniciativa que envolveu
entre ensino, pesquisa, extensão. Nosso objetivo foi promover às crianças
momentos de contação de histórias, leitura, brincadeiras, músicas e arte.
No primeiro encontro, dia 12,
estávamos ansiosas, pois o planejamento estava recheado de atividades novas e
nosso maior desafio era incluir uma criança autista. Neste dia,
vivenciamos atividades de exploração corporal. As crianças brincaram com seus
corpos, descobriram possibilidades e o observaram através das sombras de um
retroprojetor. Proporcionamos aquilo que elas mais gostam: “pintar”, “se
sujar”, “brincar”. Elas tiveram possibilidade de pintar em papel A3, papel
manilha na parede, no chão e em caixas de papelão, com o apoio de “estencil’. Tiveram
autonomia durante o processo.
Nesse dia de sol, fomos ao pátio fazer bolhas gigantes. As
crianças ficaram encantadas com os bolhadores, convidavam os amigos para
olhar o que tinham conseguido fazer. As que não conseguiam pediram ajuda para seus
pares e para os adultos.
Percebemos, nesse encontro, que
conseguimos incluir a criança autista nas atividades. Não podemos deixar de
agradecer o apoio de sua mãe, que nos possibilitou grandes aprendizados. Mariana,
pibidiana em formação, teve sua primeira
experiência com a inclusão. Recebeu o
incentivo da mãe da criança, que lhe ensinar como desenvolver uma
determinada atividade . Ofereceu-lhe tinta e disponibilizou um papel
pardo. Pedro se envolveu e só pediu ajuda quando queria utilizar outra cor de
tinta.
Encerramos nosso primeiro encontro de férias satisfeitas,
com muitas aprendizagens e ansiosas pelo próximo.
O segundo encontro de férias, dia 18 de julho, foi
pensado para as crianças menores. Elaboramos atividades nas quais elas
exploraram diferentes texturas, cores, materiais, que
participassem da contação de história e se envolvessem com
a linguagem musical.
A história escolhida para esse dia foi
“Dona Baratinha”, uma adaptação feita pelo Grupo Abayomi. As crianças ajudaram
os pretendentes a conquistar a Dona Baratinha. Cantaram, dançaram e torceram
para que a personagem escolhesse seu pretendente preferido: “Eu sei que você vai ganhar”, disse uma
criança ao Leão.
Após esse momento, dividimos o espaço do anfiteatro em cinco territórios
sensoriais para que elas explorassem areia movediça, argila, pintura com giz de cera derretido, desenho com estêncil
e cotonete e xilogravura com isopor. Durante as oficinas as falas das crianças foram
as diversas. Na areia movediça, elas levantaram hipóteses e
conversaram:
— Será
que é assim na vida real??
— Acho
que não, na vida real não é colorido assim!
Já na oficina de pintura com giz de cera derretido as crianças trouxeram situações do seu dia a dia:
— O giz vira tinta, mas não é uma tinta.
— Minha mãe vai saber que pintei com fogo.
— Minha mãe é pintora, ela compra tinta, mas essa tinta ela
não sabe, eu vou contar pra ela.
Na oficina de xilogravura não foi diferente. Elas descobriram formas para deixar seu desenho bonito e a curiosidade delas foi instigada a todo momento:
— É igual
uma impressora!
— Se fizer
os riscos bem fundos o desenho sai mais bonito.
— No
desenho normal primeiro fazemos os riscos depois pintamos em volta, aqui é ao
contrário.
Preparamos também um canto com várias fantasias. Deixamos as crianças livres
para escolherem quais usar. Algumas trocaram várias vezes, outras
ficaram com uma fantasia só, tirando apenas na hora da saída. Com isso, todas brincaram
de faz de conta, trazendo situações de seu dia a dia ou situações que
assistiram em algum filme.
Podemos concluir que estes encontros
são de grande importância não só para as crianças mas, principalmente, pra nós,
acadêmicas. Eles
nos ensinam como agir no dia a dia com a criança, nos mostram possibilidades de trabalho,
nos ajudam a construir postura diante das diferenças e planejar “cartas na manga”,
pois o trabalho com crianças nem sempre sai conforme o planejado. Aprendemos
também que as crianças são seres capazes e nos surpreendem de diversas formas.
Esses encontros nos favorecem sermos profissionais de qualidade, com compromisso com a educação.
Aprendemos que, para fazer algo diferente e surpreendente, não é necessário
muito, mas ter comprometimento. Por meio deles, conseguimos fazer a ligação entre
a teoria e a prática. Somos agradecidas pela oportunidade de aprender sempre.
Por mais encontros felizes!!
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