Estou entre os
professores da UEMS que coordenam o Pibid. Gostaria de compartilhar algumas questões
no sentido de iniciar uma discussão de que é preciso garantir, às IES, autonomia para a selecionar as escolas parceiras do Pibid, a partir da minha experiência
no Programa, a qual revela que estabelecer critérios isolados, calcados no IDEB,
prejudicarão o trabalho que está sendo construído.
- Primeiramente, se o objetivo atual
do Pibid, mais ressaltado, é o de colaborar com a aprendizagem das crianças, é
importante destacar que uma instituição
que apresenta o IDEB “satisfatório” não está isenta de problemas, pois existem (muitas) escolas com alunos
não alfabetizadas, aprovados automaticamente para o terceiro ano.
Embora com IDEB “satisfatório”, as
escolas enfrentam dilemas para efetivar a real inclusão e para favorecer que as
crianças se constituam como leitoras. Isso significa que, caso o Pibid esteja
inserido nesses espaços, a situação poderá ser revertida, melhorando o
rendimento das crianças, e, ao mesmo tempo, gerará aos futuros professores oportunidades para vivenciarem boas práticas, o objetivo central da criação do Programa;
- Se o Pibid é um campo mediador
por excelência, a escola deve ser capaz, apesar dos incontáveis problemas, de “ensinar os pibidianos a como ensinar”, para que se tornem profissionais qualificados. Isso
demanda algumas condições, entre elas:
a) a receptividade de todos os profissionais da escola: ser
receptivo a implica aceitar receber alunos bolsistas sistematicamente,
no mínimo duas vezes por semana, em convívio e parceria com os inúmeros
profissionais que atuam na instituição (vamos lembrar que o Primeiro Ano do EF conta com até 05 profissionais atuando ao mesmo tempo!!!).
Também significa aceitar as
propostas pedagógicas almejadas pelo Pibid, orientadas pelos cursos de licenciatura ( como alfabetizar superando modelos tradicionais; garantir o uso de diferentes
espaços e linguagens; alterar a posição do mobiliário para favorecer o trabalho
em grupos; transformar a biblioteca em um campo vivo de experiências e entender
que “sujeira” é fundamental - tintas, argila, recortes, entre outros);
b) estar disposta a desenvolver um trabalho longitudinal: esse
argumento está relacionado ao anterior, mas amplia-se a partir da reflexão de
que a alfabetização do sujeito não se limita ao prazo de um ano e que tampouco não
se habilita um professor alfabetizador nesse período. Além disso, o gosto pela leitura
e a apropriação dos rudimentos da escrita ou os da matemática (e outros )
são processos graduais, que demandam tempo à criança.
Por esses motivos, não podemos “trocar”
de escola a cada ano idealizando a rotatividade como positiva, pois o trabalho
é (re) construído aos poucos.
A escola tem problemas, não é um espaço
linear. É preciso garantir às professoras, às crianças e às bolsistas tempo
para se conhecerem, para construírem bases de confiança e para traçarem objetivos
e metodologias comuns que possam ser avaliados em longo prazo.
O Pibid precisa ser querido pela escola e a escola precisa conquistar os bolsistas para que eles se sintam parte dela;
O Pibid precisa ser querido pela escola e a escola precisa conquistar os bolsistas para que eles se sintam parte dela;
c) a escola parceira precisa
contar com supervisores mediadores experientes,
dispostos a dialogar com as concepções das licenciaturas nas quais estão vinculadas.
Devem manter boas relações com os profissionais da instituição, incentivando-os
a receber pibidianos, mesmo sem apoio de bolsas, para que os futuros
professores vivenciem experiências com diferentes turmas, durante os quatro
anos no Programa.
Enfim, seriam
muitos os argumentos, mas encerro, e proponho uma discussão, alegando que a
escola parceira do Pibid precisa acreditar
no programa, precisa entender suas limitações e demonstrar receptividade
para tentar superá-las em conjunto. A escola
parceira do Pibid precisa acreditar na educação. Por tudo isso, e outros tantos
motivos, retomo o argumento inicial: é importante garantir a autonomia para que
as IES selecionem as escolas parceiras.
Profa. Giana Amaral Yamin
(Pedagogia UEMS- Dourados-MS)
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