Duas manhãs frias, mas
agradáveis, dias 14 e 16 de junho. as crianças
usavam blusas de frio. E, entre os combinados e orientações iniciais, pedimos
que elas dobrassem as mangas, afinal, “pintaríamos com FOGO” e deveríamos nos proteger....
Duas turmas pré-escolares com características
diferentes, mas com disposição para viver a experiência exatamente iguais. Bolsistas
ansiosas, com receio de que algo ocorresse. O que essa técnica, antiga,
conhecida, as ensinou ?
Bem, as crianças foram
cientistas o tempo todo. Nos ensinaram que aprendem brincando, testando
hipóteses e que as múltiplas linguagens, em diálogo, favorecem descobertas.
Após a organização do espaço, elas
ouviram sobre como poderiam explorar o material e criar possibilidades (talvez
tanta explicação tenha sido desnecessária, mas a insegurança com a presença do
fogo justificou o ocorrido). As reações dos
pequenos foram diversas, mas todos demonstraram interesse em experimentar o
novo... Os registros foram feitos em papel maninha afixados sobre as mesas
organizadas para 04 crianças. Elas começaram cuidadosas: pingos, rabiscos, os
quais, mais tarde, foram acompanhados por formas, imagens, intenções (um buraco
negro, uma flor, o fogo, uma casa, o contorno da mão, uma flor).
O que as crianças, pequenos cientistas,
questionaram?
- Por que derrete?
- Porque esquenta.
- Olha como o fogo derrete o giz! (Menina)
- Porque ele é mais forte que o giz. (Gabriel)
- O meu (giz) não faz (derrete)
(Menino)
-Derrete sim. Olhe, precisa mais tempo perto do fogo (Bolsista)
-
Por que o fogo fica grande quando a gente chega perto com o giz na vela?
-
Parece sangue essa tinta (Menina, ao sentir a textura do giz vermelho derretido).
- O fogo é tão perigoso que pode queimar as pessoas no mundo.
Temos que agir com muito cuidado (Inácio)
- Olha só como ficou este giz. Igual este também (pontiagudo)
(Luiz).
- Peraí, tá crescendo (chama) (Isaías)
- Tá virando tinta! (Gabrieli)
- Seca tão rápido esse giz (Gabriel sentido a experiência
com o dedinho)
-
Vai apagar o fogo! (Vitor Hugo Antecipou antes que acontecesse pela constatação
de que a aproximação do giz, pelo colega, teria essa consequência).
- Calma. Tem que ser um de cada vez (Gabriel)
As crianças aprenderam que é
preciso tempo para que a experiência se concretize; que quando o fogo se
aproxima do objeto a chama aumenta; que podem (e devem) misturar nuances para
criar e observar transformações; que o giz toma outra forma, após seu uso. Também
descobriram, e ensinaram, que o giz acumulado ao pé da vela, antes de
endurecer, quente, pode ser utilizado para pintar:
-Também pode pegar daqui (Luiz Guilherme).
Nesse contexto, a utilização de um prendedor de roupas como pinça para proteção foi adotada de modo diferente e intrigou os adultos. Eu estava confiante que seria um apoio ideal, mas algumas crianças o deixaram de lado.
A bolsista Adriana observou que isso deve-se ao fato de que o prendedor como suporte exige leveza no traço e que algumas crianças não queriam controlar a força do traçado, queriam experimentar o objeto. Já outras adotaram o instrumento e sentiram-se confortáveis.
Enfim, a criatividade e a imaginação
prevaleceram porque isso foi permitido:
- Coloca um giz seu com o meu pra ver que cor que dá.
(Pietro)
- Foi azul no meu (giz amarelo) (Heloísa)
- Pode misturar as cores (Bolsista)
- Posso misturar? (Gabriel)
- Olha que arte de obra que eu fiz (Gabrieli)
- To fazendo uma coisa colorida (Luiz)
- Quando a gente mistura as cores fica desse jeito (Ana
Paula)
Por isso, e por outras questões,
a atividade foi prazerosa e significativa, mas, que pena que tenha tido um fim:
- Tá quente. Queimou (Ana Paula).
- Quer parar? (Bolsista)
- Não! (Ana Paula)
- Ah, já vão embora? Que chato!!!! (Pietro)